quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Viscerais teus olhos mortos
de uma fome estranha que
não diz por que me ataca na madrugada?
A noite me atraca uma
fome de figos maduros
sanguíneos que nem teus
ossos e ventre.
Sangra-te em mim tua noite
q'essa madrugada promete frio.
Que gelo com gelo o atrito pega
fogo, noturno nupcial.
Que fazer se teu beijo já me
mata de fome?

terça-feira, 8 de janeiro de 2013


É como um mar de dominós, mas não um mar, porque mar é intangível. É uma estante. E os objetos têm uma história, e às vezes uns convocam os outros, como é quando uma pessoa os agrupa por combinança. 
Eles quebram, os objetos. Os pares - ou trios ou o que quer que seja.
Vão ao fim a cada queda. Cada mudança de vento ou de hábito. 
A vida, ela vai indo. E foi dois, quatro, seis.
Duas africanas de aço, iguais às outras milhares que saíram da mesma fôrma - mas diferentes entre si, uma mais gorda. As africanas são inquebráveis, no máximo, fundíveis. Mas até o dia do calor matador que as fundiria e a tudo ao mesmo tempo, ficam, sendo. Um par.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013


Ela vai. Estendo a mão, esgarrada, convocando. Ela vai, vai. A mão cai, me enrolo me encapo de vergonha e medo. Ela foi, não há o grito – perdi a permissão do seu nome. O vazio do estômago se esgueira e chora. . . Foi. E a abertura do meu peito se cava sobre a camada de lava ainda quente. É o único jeito de manter o canal aberto, respirando. A noite é fria, meu coração quente pulsando à meia luz pelo cadáver da próxima vítima.